quarta-feira, 2 de maio de 2012

Soneto de um Suicida

Viver, ah! Por si só, não vale a pena!
Nos serve meramente de veículo
pra encher o bolso e esvaziar testículos
enfim, beber do tempo que envenena.

Não presto-me hoje a queixas, entretanto.
Sei bem que tudo pode ser revisto;
que o mal não seja mau, tal qual insinto.
Mas hoje ele venceu –e não me espanto.

Não chore, meu amor, minha partida.
Nem sofra, minha mãe, por este filho.
Que a pele nova cubra essa ferida...

Meus olhos que, já há muito, não tem brilho
Se fecham, sem remorso para a vida.
Perdoem-me, puxei o meu gatilho.