quinta-feira, 21 de junho de 2012

A Gota

Não sei como fechar minha torneira.
Confesso, já fiz tudo o que podia
mas toda a paz que finjo ter de dia
dilui-se à noite ao som dessa goteira.

Em cada “ploc” eu vejo a face nua,
despida do que havia mascarado
–um crime cometido ou um pecado
e, assim, o meu pesar se perpetua.

Um pingo d’água (coisa tão pequena!)
destrói minha razão, anula a crença,
me faz abrir os olhos. Me condena.

Não posso mais forjar indiferença:
a culpa é, em si mesma, a própria pena
e assina, em cada gota, uma sentença.

Um comentário:

  1. Vemos aí um grande sonetista! Parabéns, André! Os seus sonetos são de extrema sensibilidade e bom gosto. Deixo aqui a minha congratulação.

    PS: Sou amigo da Giulia e enquanto visitada o blog dela, vi o seu relacionado.

    Abraço fraterno.

    ResponderExcluir